domingo, 6 de janeiro de 2013

um relato desconcertante


Hoje, 6 de janeiro, domingo da Epifania (que significa revelação, manifestação de Deus aos humanos), os cristãos celebram, com a visita dos Reis, sua segunda festa de Natal. O teólogo espanhol José Antonio Pagola tece algumas considerações a partir desse episódio (cf. Lucas 3, 15-1. 21-22).

Perante a Jesus se podem adotar atitudes muito diferentes. O relato dos magos nos fala da reação de três grupos de pessoas. Uns pagãos que o procuram, guiados pela pequena luz de uma estrela. Os representantes da religião do Templo, que permanecem indiferentes. E o poderoso rei Herodes, que só vê nele um perigo.

Os magos não pertencem ao povo eleito. Não conhecem o Deus vivo de Israel. Nada sabemos da sua religião nem do seu povo de origem. Só sabemos que vivem atentos ao mistério que se encerra no cosmos. O seu coração procura verdade.

Em algum momento acreditam ver uma pequena luz que aponta para um Salvador. Necessita saber quem é e onde está. Rapidamente se põem a caminho. Não conhecem o itinerário exato que têm de seguir, mas no seu interior arde a esperança de encontrar uma Luz para o mundo.

A sua chegada à cidade santa de Jerusalém provoca o sobressalto geral. Convocado por Herodes reúne-se o grande Conselho “dos sumos sacerdotes e dos escribas do povo”. A sua atuação é decepcionante. São os guardiães da verdadeira religião, mas não procuram a verdade. Representam o Deus do Templo, mas vivem surdos à sua chamada.

A sua segurança religiosa cega-os. Sabem onde deve nascer o Messias, mas nenhum deles se aproximará de Belém. Dedicam-se cultuar a Deus, mas não suspeitam que o Seu mistério é maior do que todas as religiões, e que tem os Seus caminhos para encontrar-se com todos os Seus filhos e filhas. Nunca reconhecerão a Jesus.

O rei Herodes, poderoso e brutal, só vê em Jesus uma ameaça para o seu poder e a sua crueldade. Fará todo o possível para eliminá-lo. A partir do poder opressor só se pode “crucificar” a quem traz a libertação.

Entretanto, os magos prosseguem em sua busca. Não caem de joelhos perante Herodes: não encontram nele nada digno de adoração. Não entram no Templo grandioso de Jerusalém: têm proibido o acesso: a pequena luz da estrela os atrai para a pequena terra de Belém, longe de todo o centro de poder.

Ao chegar, o único que veem é o “menino com Maria, sua mãe”. Nada mais. Um menino sem esplendor nem poder algum. Uma vida frágil que necessita do cuidado de uma mãe. É o suficiente para despertar nos magos a adoração.

O relato é desconcertante. A este Deus, escondido na fragilidade humana, não o encontram os que vivem instalados no poder ou encerrados na segurança religiosa. Revela-se a quem, guiado por pequenas luzes, procura incansavelmente uma esperança para o ser humano na ternura e na pobreza da vida.

Fonte (+)

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