terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ouvir além das palavras


"A escuta profunda brota de um estado de relaxamento, não do esforço em aparar arestas. Toda a abertura, acolhimento e empatia necessários para ouvir encontram solo fértil ao se oferecer uma postura relaxada.

As pessoas se comunicam em vários níveis. Tudo fala. As roupas, os olhares, a respiração, um jeito específico de se curvar ou se levantar, a forma como batemos as mãos ou os pés. Cada pequeno detalhe tem voz, toca uma música.

Assim como é preciso treinar os ouvidos para discernir timbres, tons e efeitos em uma música, também precisamos treinar para realmente ouvir, comunicar e gerar conexão.

Quem já teve a oportunidade de assistir uma orquestra tocando ao ar livre pode relatar como o ambiente inteiro se relaciona com o que está sendo tocado. Não é algo metafísico, nem fantasioso. O vento sopra de uma forma diferente, todos se olham, sorriem silenciosamente, as árvores balançam, os pássaros enlouquecem.

Quando uma pessoa fala, algo similar acontece. Há uma variedade de outras ações sendo executadas ao redor e isso pode facilitar ou dificultar o processo. Às vezes, ela pode estar querendo desabafar, mas o ambiente não é favorável. Algum ruído pode surgir ou pode ser que haja pessoas ao redor em outra sintonia. Um sujeito atento pode tomar uma ação simples como trocar de lugar, alterando os níveis de abertura e conforto.

Enquanto ouve, é importante não só estar atento aos sinais abstratos mas observar as reações físicas do outro. Será que está se distraindo? Está se mexendo demais, está desconfortável, tentando encerrar o assunto, está indiferente?"

(Luciano Ribeiro, via)

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